segunda-feira, abril 09, 2007

Páscoa sem sabor

A minha Páscoa sempre teve cheiro de cabrito assado no forno. A minha Páscoa sempre teve o som do compasso a tilintar de casa em casa. A minha Páscoa, embora há já muito tempo tenha perdido os hábitos da igreja, sempre foi de terreiros lavados, casa aprumada, missa cantada e família reunida à mesa. A minha Páscoa, mesmo quando era passada em Lisboa e não na aldeia dos meus pais, sempre foi sinónimo de algazarra , vinho tinto, conversas acaloradas e mesa posta até à noite.
A minha Páscoa foi, desde sempre, liderada pela figura do meu pai, sentado à cabeceira da mesa, de olhar preenchido e realizado por nos ver juntos.
Este ano a minha Páscoa foi diferente, muito mais triste. A reunião familiar foi trocada por um singelo almoço só com a minha mãe num restaurante chinês. E no momento em que me sentei e vi todas aquelas famílias reunidas naquele espaço, dei ainda mais valor à minha Páscoa perdida, lá longe na aldeia. Que tristeza que senti. E que saudades do som das nossas vozes umas sobrepostas às outras.

2 comentários:

sweety disse...

Minha querida,
partiste o relógio, lembraste?
nada volta a ser como dantes. tens o Filipe, o Henrique, a tua mãe e aind ao teu pai. não imaginas o que é ter um homem que te ama e te tem acompanhado durante este teu cálvário. eu não tive. e perdi o meu pai e a minha mãe. e esse amor que julgava para sempre. a páscoa é só um nome. a vida é para sempre. beijos e força.

IPQ disse...

obrigada