terça-feira, dezembro 20, 2005

Atrás do Natal

O Natal está à porta. Já anda tudo nas lojas numa correria histérica atrás das últimas prendas, daquele livro, do brinquedo que esgotou, das gambas, do queijo, do bacalhau. Enfim... o mundo anda louco atrás daquela coisinha que ainda falta.
Eu adoro o Natal e quem me conhece sabe disso. Mas gosto de o saborear lentamente. De começar as minhas compras com antecedência, de pensar no que vou comprar e para quem. Gosto do ritual de comprar a árvore de Natal, de enfeitar a casa, de receber os amigos, de cozinhar para eles, de estar com a minha família.
Este ano o meu Natal está a ser muito diferente dos anteriores. Também eu ando a correr como aqueles que vejo nos centros comerciais. Não ando atrás das prendas mas atrás da minha vida. Corro para estar onde devo, para ver o meu pai, para ir com o filhote ao médico... Natal atípico. Com muito poucos jantares e aqueles que faço acabo sempre por estar tão cansada que nem parece que estou a ter prazer em receber as pessoas.
O que me vale é a convicção de que este ano está quase a acabar e que o próximo só pode ser melhor.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Para o meu pai


Ontem fui ao cinema ver este filme. Elizabethtown.
Gosto de filmes assim: com histórias simples, mas bem feitos, bem interpretados, bem filmados. Sem grandes pretensões. Filmes que não querem mudar o mundo, que, certamente, não vão mudar a História do cinema mas, mesmo assim, filmes que me fazem rir e chorar, que me fazem pensar na vida e em como ela é perene.
Às vezes acho que fiquei mais lamechas para certo tipo de histórias e mais cabra insensível para outras, aquelas em que toda a gente chora. Gostei da capacidade de relativizar os dramas, de tentar encontrar qualquer coisa de bom em tudo o que acontece. Celebrar a vida, mesmo quando ela se mistura com a morte.
Ver este filme fez-me pensar que gostava de ter uma relação de "best friends" com o meu pai. De não ter esperar que ele morra para perceber isso. Por isso chorei. Porque o adoro, mas também porque sei que esse fosso geracional existe entre nós é impossível ultrapassar. Às tantas alguém no filme diz que não podemos ser o melhor amigo dos nossos filhos. Fiquei duplamente triste: percebi que isso é verdade na relação com o meu pai e fiquei com medo que isso venha a acontecer na relação com o meu filho. Agora que o meu pai está doente gostava que ele visse em mim mais do que uma filha. Uma companheira que percebe perfeitamente o que ele está a passar, uma confidente. Mas acho que isso é difícil. Embora perceba que ele se esforça para estar perto de mim, há barreiras que estão construídas há muito tempo. Na cabeça dele o pai não é o amigo, não é, sobretudo, aquele que precisa de conforto. É o que dá. Também fiquei a pensar que, mais que tente contrariar essa tendência, de certeza que vai haver uma altura na vida em que o meu filho vai sentir o mesmo. Que eu não sou a amiga, sou a que impõe regras, limites... barreiras. E daí? Talvez seja essa a natureza de ser pai.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Na sombra



Quando me tiraram esta foto estava no Brasil, de férias. Foram uns dias fantásticos, com muita cor, sol e boa disposição.
A primeira vez que vi esta foto, ela não fazia muito sentido: as férias tinham sido tão boas, a sombra estava a mais. Mas hoje sinto-me assim, uma sombra de mim mesma. quando acho que nada pode piorar que, de alguma forma, vou sair por cima e dar a volta a esta filha da putice pegada que tem sido 2005, acontece algo mais.