Estou, até hoje, pasmada com as declarações do nosso Presidente da República em relação ao casamento homossexual. Ele disse mesmo que se tivesse havido uma discussão séria sobre o assunto a coisa nunca teria chegado onde chegou porque não haveria casamento, mas sim um contrato? Desculpe? Como disse? E, é impressão minha, ou o senhor também disse que, apesar de ter dúvidas, promulgava a lei porque o país tinha coisas sérias para resolver? Será que eu ouvi bem? Estou tão indignada que precisei de uns dias para digerir toda a informção que saiu da boca daquele senhor.
Primeiro, porque que raio a união civil entre pessoas do mesmo sexo não se há-de chamar casamento? Porque razão a lei há-de discriminar as pessoas pela sua orientação sexual? Que propotência moral a do nosso Presidente, que acha que a sua opinião sobre a união de pessoas do mesmo sexo (e ficou claro, pelas suas declarações, que é contra o casamento de homossexuais) é que dita o que é sério e o que não é sério?
Segundo, e aqui confesso que me deu vontade de dar tabefes na televisão, o Presidente deste país tem a distinta lata de nos dizer que só promulga a lei porque temos de nos concentrar em coisas mais sérias. Curiosamente, o nosso Presidente, um homem tão iluminado e distinto da economia e da finança, não fez qualquer declaração ao país sobre esses assuntos que ele considera sérios e graves. A crise, por assim dizer, não lhe suscita vontade de tranquilizar, informar, alertar os portugueses e o governo. Cá nada. Esses assuntos, embora sérios, não são para ele. Ele, apesar de achar o casamento entre homossexuais uma coisa pouco séria, faz parar o país em horário nobre para dizer o que disse.
Sampaio, volta que estás perdoado!