quinta-feira, abril 03, 2014

Dias difíceis

Às vezes pergunto-me onde errei, onde deixei que a realidade me ultrapassasse. Quando é que deixei de fazer as coisas bem e permiti-me ser a mãe que dá palmadas, que se irrita, que discute, que grita, que chora...
Quando era mais nova achava que podia ser uma daquelas mães de antologia, as que ouvem e têm sempre uma palavra amiga, que não levantam a voz, que nunca batem, que sabem sempre puxar pelo melhor dos miúdos e levá-los a perceber que erraram.
Mas a realidade veio-me provar que estava enganada. Ou essas mães não existem, e não passam de uma fantasia da nossa cabeça, ou eu não sou mesmo nada boa mãe.
E gostava de ser, a sério.
Hoje estou tão triste comigo...

5 comentários:

Ana Albuquerque Barata disse...

Leio o seu blog com alguma regularidade. E ler hoje, as suas palavras, estas suas palavras, despertou em mim um sentimento de quase certeza (sim, porque de certezas absolutas esta eu cheia muito antes da minha filha mais velha ter uns 3 anos).
Há tantos dias eu que sinto o mesmo. Tantos. E outros, em que nem me passa tal pela cabeça (confesso que são bem menos do que eu ansiava).
Em tempos disse que espero, e espero do fundo do coração, que a balança entre estes dias negros e os dias arco-íris penda para este últimos.
Mas a verdade é que, da minha experiência, só há mães perfeitas nas nossas cabeças de filhas e antes de sermos mães.

joão disse...

Por mais que queiramos ou não há sempre o chamado choque de gerações. Connosco pais acontece o mesmo que com as mães. Diziamos na altura em que eramos jovens que não iria ser assim um dia mais tarde, mas verifica-se sempre que tal não acontece. Acho que isso faz sempre parte do nosso papel de pais e educadores. Não fique triste porque um dia se tudo correr com normalidade os filhos então no papel de pais irão compreender e "perdoar" as nossas atitudes e fraquezas.
Um abraço
J.P.

Helena Barreta disse...

Tenho para mim que essas mães perfeitas não existem.

Sou mãe vai para 22 anos e chorei, gritei, irritei-me, dei palmadas merecidas, pedi desculpa e fui desculpada, ouvi pedidos de desculpa e arrependimentos e desculpei, relevei e noutras fui intransigente. Hoje, orgulho-me disso tudo quando o meu filho, enquanto professor e treinador de crianças e jovens, me diz que lhe basta aplicar a educação que recebeu.

Claro que é uma boa mãe, se não fosse não estaria triste. Um abraço

gata disse...

hoje é o meu dia de vir aqui animar-te,amiga. :) sei tão bem do que falas. há dias assim. e depois há os outros, aqueles em que vemos as coisas como elas são. somos todos apenas humanos, nós e os miúdos, e damos o nosso melhor. e isso é óptimo. é mesmo. nós é que às vezes não o conseguimos ver. beijinhos grandes grandes

Bikitim disse...

A boa mãe não é a "mãe perfeita" dos nossos sonhos de infância. É antes de mais, a que ama o seu filho e, por se preocupar com ele, grita, irrita-se, às vezes dá uma palmada.

Nunca bati, é certo, mas muitas vezes sofri essa angústia, a dúvida eterna: "Estarei a fazer o mais correcto?». Nunca terei a resposta para cada um dos momentos em que me questionei. Mas sei que obtive um bom resultado, quando sei que a minha filha (adulta) defende os valores que tanto queria que defendesse, sendo - e ainda bem! - tão diferente de mim.

Darmos asas aos filhos para que possam afirmar a sua personalidade não é incompatível com a intransigência naquilo que sabemos ser importante.

E, antes e durante e depois de tudo isso: nenhuma de nós é a Super Mulher! Errar faz parte daquilo que somos: a melhor mãe que os nossos filhos poderiam ter.