domingo, abril 26, 2009

Quando o jornalismo não passa de pinceladas impressionistas

Há coisas que me deixam realmente de boca aberta, a sério que há. E uma delas é quando os jornalistas que, supostamente deveriam relatar factos, se armam em escritores e decidem, à sua maneira e de forma muito impressionista, reescrever a História.

No P2 da passada sexta-feira, o jornalista Paulo Moura fez uma longa entrevista a Otelo Saraiva de Carvalho com o pomposo título "Se isto não é um herói".

Eu ainda não tinha nascido no 25 de Abril de 74, mas gosto de pensar que sou uma pessoa minimamente informada. Não vou aqui falar do óbvio, a importância da revolução ou de Otelo Saraiva de Carvalho nela. Mas deixo aqui uma parte da verdade que Paulo Moura se esqueceu de escrever.

Otelo Saraiva de Carvalho foi condenado a 18 anos de prisão por actos de terrorismo dos quais resultaram várias mortes. E o único motivo pelo qual não cumpriu mais do que 5 anos da sua pena foi, não por ter sido abslovido numa instância superior, mas por ter sido amnistiado.
Apesar se não trabalhar no diário dito mais sério deste país, tenho uma concepção de herói bastante diferente da do senhor Paulo Moura

2 comentários:

Sofia disse...

A verdade verdadinha é que a memória é curta. A verdade verdadinha é que se continua a apresentar a verdade tal como se nos aproveita a nós, ao invés de tentar, pelo menos, dar uma visão realista, séria e fiel da dita. Que neste caso já faz parte da história, da história com H, da que se sedimentou pela passagem dos anos. Se calhar os mesmos anos que levou até que apoiantes - e pelos vistos, os jornalistas -possam passar um pincel e colorir o passado. O que pensarão desta entrevista os familiares das vítimas de Otelo Saraiva de Carvalho, que não contente com uma amnistia que o safou de cumprir 13 anos de pena de prisão a que fora condenado, ainda exige ser promovido à patente militar a que teria ascendido a esta altura, não fosse aquele revés da condenaçãozita. Será culpa de quem? Eu não sei, mas podíamos começar pelo jornalismo que o apresenta agora, tantos anos depois, como o herói.

Anónimo disse...

Pois... Parece que há muito boa gente que não se lembra das 17 pessoas mortas pelas FP 25... E das imagens das conferências de imprensa das FP25, com pessoas encapuzadas que me assustavam quando passavam nos telejornais quando eu era miúda... E do medo que, como criança sentia, dos "maus" das FP25... Se isto não é terrorismo, o que é?
MJG