segunda-feira, julho 07, 2008

O que dizer?

Olho para o que aqui escrevi da última vez e nem sei o que sinto... raiva, tristeza, angústia, desespero, descrença...
Depois das melhoras iniciais o meu pai começou a piorar.. febre, inchaço... voltou aos cuidados intensivos e, mais uma vez, para morrer.
O médico que o operou sempre a dizer que ele estava estável. A minha mãe, no entanto, via-o mirrar de dia para dia e todos os outros médicos lhe diziam que o meu pai estava muito mal.
Da última vez que o meu pai falou com a minha mãe disse-lhe que não queria ficar em Espanha, adivinhado já a sua morte. Uma septicemai....
Uma vez mais a família entrou em acção: trouxemo-lo para Portugal, onde chegou na sexta-feira à noite.
E qual não foi o nosso espanto quando nos disseram que o meu pai tinha três feridas (escaras, úlceras, chamem-lhe o que quiserem) de maus cuidados de enfermagem (nunca o viraram ou limparam apesar de estar numa unidade de cuidados intensivos) e quando, depois de lhe destaparem o penso da operação, nos terem dito que a cirurgia não tnha corrido tão bem como tinham dito... neste momento, voltámos à estaca zero. O meu pai está novamente numa unidade de cuidados intensivos em isolamento, pior do que alguma vez esteve. Não sabemos o que dará para aproveitar da cirurgia que fez (se é que se pode aproveitar alguma coisa) e com esta brincadeira, gastámos 15 mil contos. Nós que não somos uma família rica, apenas uma família unida.
E o que dizer ou fazer perante isto? Tudo o que pode correr mal com o meu pai corre e tudo o que poderia correr bem, não corre.
E no meio disto tudo pergunto-me muitas vezes porque é que ele simplesmente não se deixa ir, não deixa de lutar por uma vida tão reles.

6 comentários:

Anónimo disse...

Não sei o que diga... O meu grande apoio foi, e é, a minha espiritualidade e a minha religião e por uma coisa que disseste percebi que não partilhas as mesmas ideias. Tem sido para mim um enquadramento importante para pensar a nossa "missão" na vida, a nossa e a dos nossos pais, os porquês, os quandos... e neste momento sinto-me "descalça" para dizer algo mais. Não encontrei grandes respostas, mas consegui ir encontrando alguma paz. Espero que algures a consigas encontrar também.

Um abraço muito forte.

Anónimo disse...

Não sei bem o que dizer...Só espero que tudo corra pelo melhor para todos. Força!

Anónimo disse...

É tudo surrealista. Mas à tua volta há coisas que vão sempre continuar a fazer sentido.

Bjs

João

Elsa Serra disse...

...um abraço, que dizer mais perante tanta injustiça...a não ser...esperança e força!!!

Rui Braz disse...

Antes demais: que corra tudo pelo melhor, já é tempo de acabar tanto azar!

E agora o acessório, porque de facto não se trata do mais importante, mas quem faz asneira deve ser responsabilizado: procurem que os médicos que estão tratar do teu pai neste momento vos ajudem a montar um "caso", uma queixa contra os médicos espanhóis. Não é pelos 15 000 contos; mas nem que fossem 10 euros, não se vendem "esperanças" para depois dar, isso sim, maus tratos!
Uma coisa é dizer às pessoas que uma cirurgia tem riscos, que não há garantias, etc... Outra muito diferente é negligência...

Como sempre, amiga, se precisares de mim ou da Raquel para qualquer coisa que seja... é só apitar!

Utopia disse...

Aconteceu o mesmo ao meu avô. Também não o viraram nem limparam e ficou com feridas. Tiveram de tirar pele de outro sítio para pôr lá. Teve uma infecção nos pulmões que também apanhou no hospital.
Hoje ainda cá está para contar a história. Já lá vão uns 3 anos.

Espero que tudo corra bem, não desanimes.

(Já tinho visitado algumas vezes o blog, mas acho que nunca comentei)

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