segunda-feira, março 31, 2014

Regresso ao passado

Este fim-de-semana tinha tudo para ser catastrófico mas acabou por correr bem. Ninguém se magoou, chegámos sãos e salvos tanto a Marco de Canaveses como depois a Lisboa.
No sábado à tarde, antes da festa da minha tia, ainda houve tempo para aquilo que o Henrique mais adora: explorar, andar pelos caminhos que eu percorri há 30 anos e deliciar-se com as descobertas e o suposto perigo da aventura.
Quando eu era miúda achava que o tempo passado dos meus pais era muito mas mesmo muito antigo. Quando eles me diziam "quando eu tinha a tua idade..." eu achava que aquilo era tão distante como o tempo dos reis e rainhas. Agora dou comigo a falar desse tempo passado com o meu filho, com a sensação de que foi ontem. "Ali havia cenouras e milho", "ali havia muitas vides, passávamos o tempo a roubar as uvas deste senhor que era mau como as cobras"...  Será que ele acha o mesmo do que eu digo? Que é um passado tão distante e tão sem referentes no presente dele?
Este é o sinal mais claro do envelhecimento. Pelo menos para mim.







2 comentários:

Helena Barreta disse...

Ainda hoje o que mais gosto de fazer quando vou à aldeia natal do meu pai é caminhar pela serra, se for acompanhada é inevitável contar como fazia aqueles passeios de mão dada com o meu pai, o que aprendia e via. Eu penso que o prazer de lhes contar como era no nosso tempo é também uma forma de trazer de volta quem já não está entre nós, é mais um legado.

Bikitim disse...

Não, envelhecer não é isso, realmente.

Envelhecer é já não estar presente para contar como foi. É já nem perceber se o que está a passar-se com os seus filhos é a sua infância ou a deles ou um sonho. Pesadelo talvez, se dermos conta disso.