segunda-feira, janeiro 13, 2014

Ainda a senhora da colonoscopia

Não tenho por hábito comentar comentários, mas o tema cancro é algo que bule comigo. É mais forte do que eu.
Teoricamente as pessoas são informadas do seu estado de saúde; teoricamente não esperam meses, muito menos anos, por um exame urgente; teoricamente é-lhes dito que se não fizerem aquele exame rapidamente podem morrer e por isso o melhor é fazerem barulho (vulgo ir à televisão armar barraca) ou pedirem dinheiro emprestado para fazer o exame no particular.
Mas isto é teoricamente, meus amigos.
Na prática há médicos que omitem informação essencial dos seus doentes porque pensam que eles, médicos, é que devem decidir até onde é até quando um doente deve sofrer para viver mais uns meses; na prática as pessoas não percebem mais de metade do que lhes é dito. Têm uma análise positiva, um marcador... Mas não sabem o que isso é; na prática uma pessoa acredita no seu médico e no sistema de saúde e acha que nunca esperará muito se o caso for grave. Vai sempre achar que se ainda não a chamaram é porque não é grave.
E não é menos verdade que as pessoas acreditam no que querem. É verdade. Mas isso não desresponsabiliza quem de direito.
E quanto ao ir para a televisão falar... Eu queria ver o que vocês faziam quando, depois de dois anos de espera lhes dissessem que tinham um tumor inoperável.
A sério!

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois no meu caso foi o oposto. Depois de fazer uma colonoscopia e retirar dois pólipos, recebemos um telefonema do hospital (passados alguns dias) com o seguinte discurso: Venha urgentemente à consulta pois o senhor está com um cancro! Tau! Logo ali ao telefone! Sem rodeios nem falinhas mansas. Na altura, fiquei chocado com a atitude, mas hoje penso que ainda bem que assim foi.

Helena Barreta disse...

Penso que nos cabe a nós, os doentes e ou seus familiares, pedirmos/exigirmos aos médicos que falem numa linguagem e de modo a que os possamos entender e perceber claramente o que se passa. É certo que há confiança, acreditamos no que nos dizem, mas tratando-se da nossa saúde ou da dos nossos só temos a ganhar se percebermos o que nos estão a dizer. Não temos de saber os termos médicos nem a linguagem técnica que aplicam, mas temos, para nosso bem, que lhes pedir que "traduzam".