segunda-feira, janeiro 06, 2014

Ainda o Eusébio





Sou do Benfica e isso me envaidece. É assim que começa o hino do meu clube. E sabem os que me são próximos, que sou um bocadinho doente. Não muito, não só ponto de perder a noção das coisas ou o sentido de justiça. Mas sou do Benfica, e isso me envaidece.
Ainda estou triste com o meu clube, por tudo o que se passou na época passada. Triste como quando um amigo nos deixa mal ou um amor não nos corresponde. Mas amo o meu clube e serei do Benfica até morrer. Passei muitas tardes da minha vida nas bancadas da antiga Luz a ver jogos,  desci ao Marquês durante os meus tratamentos de quimioterapia para festejar a vitória do campeonato de 2004/2005, chorei quando o Rui Costa deixou de jogar... Sou do Benfica e isso me envaidece.
Por isso fui estádio prestar homenagem ao Eusébio.
Nunca o vi jogar, nunca o conheci pessoalmente, mas a sua grandeza, a grandeza dos seus feitos como jogador e da sua personalidade, sempre me acompanharam. Lembro-me do meu pai me dizer que ele era patrimônio nacional, que a força do seu pontapé era inegualável, que vê-lo jogar era um prazer.
Nunca conheci o Eusébio mas, mesmo assim, sempre o admirei, sempre pensei nele como uma parte fundamental do meu Benfica. O meu Benfica nunca seria o que é hoje se não fosse ele. E, só por isso, devo-lhe muito.
E por este motivo, entre muitos outros, fui ao estádio. A última vontade deste grande homem era despedir-se do relvado. E eu, que tenho a alma cheia de benfiquismo, sei que nunca poderei chegar aos seus calcanhares, benfiquisticamente falando, e que, pelo menos, poderia agradecer-lhe assim, estando lá, fazendo número. Porque fazer número também pode ser muito importante.
E assim foi. Peguei no cachecol e fui. Com uma amiga. As duas ali, de lágrimas nos olhos, cachecol no pescoço... e foi impressionante ver como ele conseguiu unir o impensável. Pessoas de todos os clubes com a mesma tristeza, o mesmo semblante carregado.
Foi apenas um momento (infelizmente), mas foi bonito ver como ainda há figuras que unem e nos fazem esquecer as nossas diferenças.
Até sempre Eusébio

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