domingo, dezembro 15, 2013

Lobo Antunes

A minha relação com o António Lobo Antunes é tudo menos pacífica. Respeito-o imenso como escritor. "A explicação dos Pássaros" foi dos livros que mais me marcaram no inicio da minha vida adulta. Mas, a par desta aura do escritor há o resto: as duas palavras quando se refere a outros, alguns dos seus textos, a sua afamada misogenia... Há quase tanto a unir-nos como a separar-nos.
Mas depois, bem depois há textos como o que ele escreveu na última edição da Visão e eu sinto-me de novo perto dele, tanta é a afinidade.
Este texto é absolutamente desarmaste, triste e bonito na sua verdade. Eu também frequentei uma sala de quimioterapia; também vi alguns que um dia deixaram de aparecer; e, como ele, nunca senti tanta dignidade por metro quadrado.
Mas nunca seria capa de um texto com tanta grandiosidade.
Obrigada, António Lobo Antunes.
P.S. Vou tentar encontrar o link do texto para o colocar aqui.

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Eu li e comovi-me.

Partiu há pouco uma pessoa de quem gostava muito por causa do cancro e vi nela a garra e a vontade de o querer vencer, mas, infelizmente, o bicho malvado levou a melhor.

Telhados Meios disse...

Curioso, tenho exatamente o mesmo tipo de relação com o A. Lobo Antunes e pelos mesmos motivos. Nunca tinha encontrado ninguém que o expressasse. Chega a dar vontade de abanar o "sacana" por escrever de forma tão soberba e depois ter aquele lado...

Aqui fica o link para o artigo:
http://visao.sapo.pt/o-ultimo-abraco-que-me-das=f761252#ixzz2nJHDoqaK