quinta-feira, dezembro 12, 2013

Eu a fazer de Dona Dolores

O futebol é onde quero que o Henrique se divirta. Ele tem a pressão das boas notas e da escola de música. Por isso, para mim, o futebol é pura diversão. Nunca me passou pela cabeça ser a nova D. Dolores. Nunca achei que o Henrique tivesse de me provar alguma coisa enquanto jogava à bola. 
É evidente que gostava quando jogava bem e fiquei muito feliz por ele quando foi chamado para jogar na selecção de 2004.
Mas as coisas começaram a descambar. Ele não tinha horário para treinar com a selecção do seu ano de nascimento e foi-nos sugerido que treinasse com os meninos nascidos em 2003. Porquei os crescidos puxariam por ele e na turma dita normal de 2004 já pouco tinha para aprender. Pois... Teoricamente era tudo muito bonito.
Mas a verdade é que os meninos nascidos em 2003 são uns marmanjos. Jogam mais e melhor, têm muito mais força. Têm um ano a mais: de vida e de futebol.
A adaptação foi difícil. Tão difícil que eu achava que era melhor ele voltar para uma turma normal para jogar pelo prazer.
Mas ele, esperto como é, em vez de desistir adaptou-se e aceitou o desafio da mister para ser segundo guarda-redes. 
Pois que não há coisa pior para o coração de uma mãe que ter o seu menino à baliza. Alguma mãe que gostasse de ver o seu filho na baliza que me diga, que partilhe comigo essa alegria, porque eu nao a percebo e não a sinto. 
O guarda-redes é sempre o culpado das desgraças da equipa. Para além de não ter graça nenhuma ver um puto 80 por cento do tempo de jogo parado, entre balizas, a olhar para os outros que, esses sim, estão a jogar à bola.
Ainda não consegui perceber se ele está a baliza para se conseguir integrar e para ser chamado para as competições (a equipa só tinha um guarda-redes) ou se é porque gosta. Cheira-me que será pela primeira razão. 
E apesar de detestar vê-lo à baliza, a verdade é que, quando penso no assunto, há que lhe tirar o chapéu. Em vez de continuar a chorar e a sentir-se mal  na equipa, tentou encontrar o seu lugar. Pode ser que resulte. Desde que se divirta.

1 comentário:

Helena Barreta disse...

O meu filho também jogou futebol durante uns anos. Durante um ou dois meses foi guarda-redes, mesmo não gostando aceitou o que o treinador lhe pediu e ia aos treinos com a mesma alegria e vontade. Apercebi-me da tensão em que andava quando começou a ter pesadelos e episódios de sonambulismo. Falei com o treinador, voltou a jogar na posição que gostava e tudo voltou ao normal.

Que o Henrique se divirta e aproveite todos os bons momentos passados em equipa e já agora que sofra poucos golos.

Bom fim de semana