terça-feira, março 29, 2011

O Estado da Nação

Há alguns dias que ando para aqui escrever sobre a actual situação política do nosso país. Pode parecer que vivo numa bolha, que não estou nem aí para as palhaçadas dos nossos políticos... antes fosse. A verdade é que dou comigo muitas vezes a barafustar com a televisão, mas não é menos verdade que estou cheia de trabalho e acabo por ficar sem tempo para passar para aqui o turbilhão de considerações que me passam pela cabeça. Eu acho inevitável a entrada do FMI no nosso país. Vai ser mau, muito mau. Mas acho mesmo que é o que vai acabar por acontecer. Com os juros da divida acima dos 8,5%, com os bancos à rasca como estão sem se conseguirem financiar, acho mesmo que não há volta a dar. E tenho medo, claro que tenho. Acabei de abrir uma empresa, sinto na pele o que uma crise agravada pode significar. Mas também acho que, se é inevitável, cada dia que passa sem se tomar essa decisão é pior, porque agrava o estado do país e atemoriza ainda mais as pessoas. Bem sei que, para o caso, é indiferente a cor do partido no governo: laranja, rosa, azul e amarelo, vermelho... é tudo igual uma vez que não estamos sozinhos: as directivas vêm da Alemanha, ou de Bruxelas... Bem sei que vão ser necessários muitos sacrifícios e que as coisas ainda vão piorar muito. Mas há algo que ajudaria a que tudo se passasse com mais clareza: a decência na política. E isso, infelizmente, é coisa que não temos. Apesar de saber que não é bom para o país estarmos com um primeiro-ministro demissionário, acho que é muito pior ter o que temos, que mente a cada dia que passa, que adultera os números e dados a seu belo prazer (muitas vezes com a conivência dos jornalistas que, para não se darem ao trabalho de analisar criticamente o que lhe dão, escrevem o que vem dos gabinetes dos ministérios sem o mínimo de massa crítica), que nos faz passar por burros, que faz tábua rasa de 6 anos de governação, que diaboliza os outros. Os outros são maus e querem o FMI. Como se alguém desejasse o FMI, estilo pedido ao Pai Natal. Ninguém pode, nesta altura do campeonato, fazer milagres. Mas eu, enquanto cidadã que vota, tenho o direito à verdade, a ter políticos decentes, que se preocupam com a "coisa pública". E tenho o direito à indignação quando vejo o nosso primeiro-ministro a dizer que os outros é que têm sede de poder, e querem chegar aos ministérios... Como diria o meu pai "preferia borrar um pé a votar na direita", mas a verdade é que esta esquerda que quer governar mete muito nojo. E algo me diz que estas vão ser as primeiras eleições em que vou votar em branco.

4 comentários:

Joana disse...

Acho que tens razão, mas o meu medo neste momento é que este senhor que saiu agora volte a lá ficar, o povo parece que se esquece das coisas quando chega às urnas. Quanto a chamar esquerda a esta governação...eu diria que se aproxima mais da extrema direita.

RAINHA MÃE disse...

Há mais esquerda que o PS. Aliás o PS é tudo menos esquerda.... O trabalho que o PCP é raramente "aplaudido" pelos médias, ao contrário do Bloco a quem é dado um protagonismo que não se entende. Estou cada vez mais comunista porque é realmente a única força que faz a diferença e julgo que seria essa diferença que era importante marcar nas próximas eleições. Mas compreendo a tua indignação. É a minha e de quem é minimamente interessado

Helena Barreta disse...

Também estou muito preocupada e sem saber em quem votar.

Quando vou decidida a votar num outro partido que não aquele que habitualmente voto, lembro-me do meu pai e como que em homenagem a ele acabo por votar sempre onde ele votaria, ou seja, CDU.

Um beijinho

Anónimo disse...

Os políticos ainda são piores que os melões onde é preciso apalpar o cu a um cento para encontrar um que seja capaz.