quarta-feira, abril 28, 2010

Diferente é bom

Passamos grande parte da nossa vida a querer preencher todos os requisitos que nos façam mais iguais aos outros, aos melhores pelo menos. Queremos ser altos, e magros, e inteligentes. Queremos que os nossos filhos andem nas melhores escolas, que sejam os melhores alunos, as crianças mais estimuladas. Queremos que aprendam a tocar um instrumento aos três (porque foi assim com Mozart e, no caso de Portugal, com a Maria João Pires. Vivemos na ilusão de que os gordos são infelizes e que devem sofrer horrores, que as bailarinas mais cheias não são, de certeza, boas... vivemos tão intoxicados por estes padrões de uma suposta normalidade que não percebemos que o diferente também é bom. Na realidade até pode mesmo ser excelente, maravilhoso, fenomenal.
Esta noite fui à Gulbenkian ver um grande concerto por um grande pianista. Arcadi Volodos. Dizem os entendidos que é um dos melhores do mundo e o melhor da sua geração (tem 38 anos). Já o tinha visto antes, mas esta noite fiquei sentada no palco, e pude vê-lo como nunca, ali mesmo, tão perto. E apesar dele ser fantástico, da música ser óptima, do momento ser mágico, eu não podia deixar de reparar numa coisa: nas suas mãos pequeninas e gordas, que representam o oposto do que é suposto serem as mãos de um grande pianista. Quantas vezes não ouvimos um "tens umas mão lindas, grandes, de pianista"? A música enchia a sala e eu pensava: ele é diferente, começou a estudar piano já adolescente e tem estas mãos gordinhas capazes das maiores maravilhas. E fiquei feliz por ver ali um exemplo claro e real de que ser diferente pode ser maravilhoso e de que as regras existem mesmo para dar razão às excepções!

2 comentários:

Tanita disse...

Concordo plenamentete com este post.
Acho que muitas vezes preocupamo-nos tanto em ser como os outros que esquecemos que somos diferentes. E não aproveitamos o que temos de melhor...

Joana disse...

E eu que tenho umas mãos de pianista e nunca aprendi a tocar piano...