quarta-feira, agosto 01, 2007

A ver se me faço entender... ou será que sou mesmo uma porca fascista

Só porque acho que se uma pessoa for dispensada durante o período experimental isso não é, por si, uma sacanice sem desculpa?
Até me acho uma pessoa que defende os direitos dos trabalhadores, fico horrorizada com o número de recibos verdes neste país e com outras pérolas do género. Mas acho, muito sinceramente, que o período experimental existe por isso mesmo, para que a pessoa esteja à experiência e durante esse período acho perfeitamente normal que o trabalhador seja dispensado. E as razões podem ser todas ou nenhuma. Do mesmo modo que o trabalhador, durante esse tempo, também pode desistir do trabalho por qualquer motivo, até o de não gostar da cadeira onde se senta.
Se é agradável? Claro que não. Se há formas mais ou menos decentes de proceder? Claro que sim. Agora, fazer disso uma sacanice pegada? Não concordo.

9 comentários:

Miuda Stressada disse...

concordo plenamente consigo.

por muito que, enquanto trabalhadores, isso nos custe a aceitar, é obvio que tem de ser assim. mesmo que o processo de recrutamento seja extremamente rigoroso, pode-se cometer erros e contratar alguem que nao seja indicado para esse trabalho.

Anónimo disse...

O problema não é a ilegalidade. É estar cá dentro e ver que um profissional competente, motivado, que deu tudo por tudo (mesmo), que era um dos melhores desta casa, foi dispensado porque 1)era fácil e legal mandá-lo embora, 2)estava empenhado em fazer um produto de qualidade, com critérios muito diferentes da tabloidização que a direcção persegue; e 3) assim sempre se pode colocar um amiguinho subserviente e já tabloidizado no seu lugar. Além da injustiça para a pessoa em questão (que nunca tinha recebido um aviso ou uma indicação das pretensões da direcção), trata-se de perceber o que é que estamos todos aqui a fazer, o que é, afinal, um bom profissional e se vamos ficar parados e calados à espera que seja a nossa vez... Claro que em todo o lado há patrões que mandam e há empregados que obedecem - é assim que as coisas funcionam. Mas acontece que isto não é uma fábrica de salsichas e ainda há pessoas que acreditam que o jornalismo deve ser feito de uma maneira (que julgamos ou julgávamos certa) e que há um lado de serviço público (que não passa só por revelar os segredos dos famosos e assim). O que é alarmante é perceber que já toda a gente acha isto normal. Desde que não mexam comigo....

Anónimo disse...

Acredito sinceramente que não és uma porca fascista. Até posso concordar com grande parte do que dizes. Mas resumires este caso à legalidade da existência de um período experimental mostra, no mínimo, que aquilo que é verdadeiramente importante te está a passar completamente ao lado...

Anónimo disse...

Olá,

Concordo plenamente com o post anónimo. E acrescento: princesa das estrelas acredito que não sejas uma porca fascista, mas seguramente neste caso falas do que não sabes.
Beijos Cocas

Anónimo disse...

e se quiseres colocar a questão nos termos da estrita legalidade - que é perigosamente redutor, como tudo o que é descontextualizado -, convém então não esquecer que as mesmas leis do trabalho que prevêm a livre cessação do contrato pelas partes durante o período experimental, também dizem que nesse período, as partes devem ir sinalizando qual é a sua intenção: se manter, se extinguir a relação contratual. O que não aconteceu.

Anónimo disse...

Muito bem, reduzamos então à estrita legalidade: traduzindo a lei, tudo se resume a despedir antes de decorridos seis meses, sem explicações, sem necessidade de esgrimir argumentos, sem entraves burocráticos. Traduzindo ainda de outra forma e aplicado ao caso prático em questão, aos porcos autoritários, fascistas e prepotentes como é o caso do Marcelino e sua escória a lei permite despedir apenas porque sim, porque se prefere ter por perto um bajulador amiguinho independentemente da sua qualidade profissional. Acha que estou contra a lei? Não, estou apenas contra o oportunismo de quem dela se serve para fazer os seus jogos mais pútridos. Assim, foi despedido e desvalorizado um excelente profissional, reconhecido pelas suas comprovadas qualidades, que motivava e conseguia retirar o melhor profissionalismo da sua equipa e que, por isso mesmo, estava a fazer um excelente trabalho no Diário de Notícias. Foi dispensado por não ter “o perfil”. Assim, tal e qual: “não tem o perfil”. Sem mais explicações. Aliás, quem está por dentro do caso conhece perfeitamente bem as razões sujas da dispensa deste jornalista. E olhe que estou longe de ser de esquerda.
Agora, quer ver-me ser coerente? Num post seu recente contesta o facto de, como cidadã que paga os seus impostos e como doente crónica, ser-lhe taxada uma diária por ser internada num hospital estatal. Eu não podia estar mais de acordo consigo neste ponto e com o facto de tal colocar a nu uma absoluta irresponsabilidade do Governo. Como vê, a autora confunde Lei com Justiça. Pense um pouco e veja como podem ser coisas tão distintas.

IPQ disse...

Bem, estive ausente uma semana e longe de imaginar que este seria um post tão comentado.
Por isso, e porque aqui se levantam questões muito importantes, vou tentar esclarecer, pelo menos em parte, o que disse no meu post inicial.
Ponto prévio, eu não quero personalizar as coisas, não foi essa a minha intenção. Não quero saber se o Marcelino é um filho da puta (não duvido) e se o jornalista em causa (que por acaso conheço) estava ou não a fazer um excelente trabalho.
O meu post foi motivado por uma conversa que tive com uma amiga e durante a qual ela ficou muito transtornada por eu não achar sacanice que se despedisse uma pessoa durante o período experimental.
E nunca me refiro ao plano da justiça de tal acção.
O que eu disse, e continuo a defender, é que o período experimental existe por algum motivo e que durante esse período é normal que as pessoas sejam dispensadas. Se é justo? Talvez não seja, dependendo do grau de empenhamento da pessoa em causa (que eu não vou discutir), dependendo da forma de proceder do patrão...
Agora, há algo que não posso deixar de dizer, até porque tenho quase a certeza que os muitos comentários anónimos deste post vêm de jornalistas. Quantos de vocês nunca foram contratados por serem amigos/conhecidos de um editor, director? Por acaso somos (eu já não sou mas fui) contratados por concurso público? Se há coisa que não suporto são falsos moralismos. Independentemente da qualidade do nosso trabalho acredito que existam milhares de pessoas igualmente qualificadas que ficam de fora...porquê? Tiveram azar, não coheciam ningué na redacção. Quantos de nós conseguiram um emprego porque caiu a direcção de um jornal? e quantos de nós o perderam pela mesma razão?
Que a actual direcção do DN não é flor que se cheire não é novidade. Falo pelo que oiço, é claro. Acredito que para os que lá trabalham sea ainda pior do que me contam. Mas não me venham com conversa fiada. Se a direcção quer fazer um tablóide faz um tablóide. Tem legitimidade para tal. Aliás, foi para isso que foi contratada.
Toda a gente sabia que era isso que ia acontecer quando a direcção entrou.
Que os jornalistas não concordem e queriam fazer frente a essas mudanças, eu acho muito bem. Que se manifestem e utilizem as armas que têm.
Agora eu continuo a achar o mesmo que achava.
E se esles são uns filhos da puta tão grandes (como acredito que sejam), como é que alguém que nem sequer foi para a redacção a convite deles nunca achou possível que isto pudesse acontecer?

De qualquer forma, espero que ele arranje trabalho rapidamente e num lugar onde possa exercer o que gosta e onde reconeçam o seu trabalho

Anónimo disse...

Eu percebo que queres dizer, embora não concorde com algumas questões que aqui colcas (mas também não interessa). Agora o que me espanta, para não dizer choca, é a maneira desapaixonada e racional que vês este assunto. Logo tu que viveste problemas profissionais tão grandes. Como sabes, as coisas não são tão simples como tu as colocas. Não são, sobretudo, para quem as vive. E escuso de te recordar que tu também as viveste. Esperava de ti outro tipo de “post”. Desculpa a sinceridade.
Cocas

IPQ disse...

Bem, peço desculpa por te desapontar, cocas. A sério, mas eu continuo a ver as coisas da mesma forma. E talvez as veja desse forma por já ter passado por problemas laborais tão peculiares, como tu referes. Eu já fui despedida várias vezes, das mais variadas formas, quase todas pouco justas, e algumas delas ilegais até. Mas talvez por isso mesmo veja as coisas de uma forma diferente da que já vi.
Para mim o essencial é a frontalidade e a forma como se faz as coisas. E aí e só aí eu admito que os senhores em causa tenham sido uns grandes filhos da puta, no modo como colocaram a coisa, como a comunicaram.
Mas continuo a achar que o que eles fizeram é normal. E, muito sinceramte, eu que estou de fora, que não trabalho nessa redacção e que pouco contacto tenho com ela, achei que isso iria acontecer desde o momento em que o jornalista em causa assinou contrato. Por muitas razões mas, especialmente, pelo que se dizia das pessoas que fazem parte dessa direcção.
Eu tenho 31 anos, comecei a trabalhar à séria aos 22 e nestes nove anos conto com 10 empregos. Com eles aprendi muita coisa e a mais importante de todas é a seguinte: eu não quero trabalhar num sítio onde não me querem, onde são filhos da puta para comigo, onde não respeitam o meu trabalho, onde me tratam como se fosse um pedaço de merda. e talvez por isso tenha aceite o despedimento ilegal em vez de ficar e ir para tribunal.
E talvez por isso tenha desistido do jornalismo.
E eu também tanho as minhas contas para pagar, um filho para criar e uma doença que, quer eu queira quer não, é um ponto negativo na hora da contratação.