Foi a primeira vez, em mais de dois meses, que te vi sem pijama, com a tua roupa, meias, sapatos...; foi a primeira vez que saíste do hospital, viste o sol, sentiste a brisa na cara.
Estava em casa à tua espera, com a mãe. As duas numa grande ansiedade. Ela a olhar para o relógio a cada dois minutos, eu a olhar pela janela na esperança de ver o carro. Tudo a postos, o teu sofá, os chinelos, o telecomando....
O dia passou rápido, um pouco atribulado, até. Não tens a resistência de outros tempos; os gritos dos miúdos acabaram por te incomodar. Mas deu para ver e para sentir o quanto gostaste daquelas horas no teu espaço, na tua casa.
O mais espectacular da tua visita a casa, no entanto, presenciei ontem quando te fui visitar ao hospital. Pela primeira vez vi-te a fazer exercícios. Primeiro com a boca, depois com as pernas. E falaste-me sem que tivesse de ser eu a dizê-lo. Disseste-me claramente que querias fazer-te entender. É necessário um esforço de ambas as partes: teu para soletrares melhor as palavras e nosso para te podermos ler os lábios.
Ontem, quando cheguei a casaia leve, mais feliz, por ver que estavas animado.
Ontem pensei que não importa o tempo, nem se esta "recuperação" o é mesmo ou se é apenas uma ilusão. O importante é que este tempo te está a deixar mais feliz e mais próximo de nós e isso é que é o fundamental.
Mesmo que hoje as notícias sejam más, mesmo que voltemos a andar para trás. O dia de ontem ninguém nos tira. Muito menos o de domingo.
5 comentários:
estava muito ansiosa, minha querida. nunca mais davas notícias da ida do teu pai a casa e era já como se fosse também a ida do meu que nunca aconteceu. fico muito, muito feliz por todos, e tu sabes o que significa TODOS, porque tudo se reflecte em todos mesmo. agora só tens que ter a paciência de reler os meus antigos posts e seguir em frente. porque todos esses momentos já ninguém vos tira, não é? beijosmil e força!
:)
vai melhorar
Esta é já a terceia ou quarta vez que leio este post, mas a emoção é demais para conseguir escrever alguma coisa...
Apesar da fragilidade do estado do teu querido pai, tenho a certeza que esta ida a casa é a maior vitória de uma grande e longa batalha. Para quem há tão pouco tempo as esperanças de sobreviver eram tão ténues, uma visita a casa não é apenas um milagre, é a coragem e uma força de viver imesurável. A dele, a tua e a de todos os que o amam.
E é também uma força e coragem contagiante.
assim é que é falar.
um dia de cada vez.
FORÇA!
@-,-'-
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