quarta-feira, abril 11, 2007

O dia em que Sócrates mostra o diploma

Ontem vi o debate da SIC Notícias sobre o silêncio de José Socrates em relação à embrulhada que é/foi a sua licenciatura.
Houve várias coisas que me deixaram pasmada. A mais grave delas foi que, a meu ver, nenhum dos presentes tocou no essencial desta questão. A mim, enquanto cidadã portuguesa, pouco me interessa se José Sócrates é ou não engenheiro, concluiu ou não a sua licenciatura, fez ou não uma pós-graduação. Isso para mim são pormenores (e aqui, e apenas aqui, concordo com João Marcelino).
O que a mim verdadeiramente me preocupa são as condições que proporcionaram a José Socrates concluir a sua licenciatura. O grave para mim é que ele (poderia ser qualquer outro membro do governo) tenha concluido a sua licenciatura de forma facilitada por ser membro do governo. E, nesse sentido, é também grave perceber quais as contrapartidas para tal favorecimento. O que é que o governo de António Guterres deu em troca à Universidade Independente para que esta atribuísse o grau de licenciatura a José Sócrates.
Eu não tenho certezas absolutas em relação a esta questão. Mas tenho cada vez mais dúvidas e algumas suspeitas que não me parecem infundadas.
A pressão que o gabinete do PM fez nos mais variados meios de comunicação para calar esta notícia e para não permitir mais investigações é, no mínimo, preocupante.
A mim, neste momento, não me descansará ver da mão do PM o diploma que prova a sua licenciatura. Ele até pode apresentar dez diplomas de dez universidades diferentes, pintados de várias cores... o que quero saber é em que circunstâncias ele conseguiu esse diploma, a troco de quê... Convem não esquecer a embrullhada em que a Universidade Independente está mergulhada. São falcatruas atrás de falcatruas. Já deu para perceber que a malta da empresa que gere aquele estabelecimento de ensino, não é de confiança. E ontem mesmo, na carta aberta que escreveram a Mariano Gago, deixam no ar que alguém está a tentar calar a UNI, a tentar ocultar a verdade. Para mim isto cheira a chantagem. E aqui tudo se agrava, perceber até que ponto, por causa de uma porcaria de um diploma, o Primeiro Ministro de Portugal se colocou nas mãos de gente daquele nível.
Fiquei pasmada por nenhum dos presentes, directores de meios de comunicação, conseguiu ou teve a coragem de chegar aqui...
Fiquei ainda mais pasmada com a atitude de João Marcelino. A fazer de advogado do diabo numa clara manobra de estratégia. Agora que o DN anda pelas ruas da amargura e que João Marcelino se vê à frente de um jornal (mesmo assim) de referência, espera, com esta defesa do bom nome do PM aproximar-se do gabinete do mesmo para relações futuras. Ou ele pensa que enganou alguém com aquela atitude desplicente? Se tudo o que se tratou ontem à noite são pormenores, porque foi João MArcelino até aos estúdios da SIC? Porque permite que o jornal que dirige dê páginas inteiras de informação sobre o assunto? Ontem mesmo o DN trazia uma lista de perguntas às quais Sócrates não respondeu e que deveriam ter resposta...