sábado, agosto 26, 2006

AJUDA

Alguém conhece um bom otorrino com experiência em traqueostomias?
Preciso de um com urgência.
Vá, perguntem aos vossos amigos.
Obrigada

Férias atípicas

Estou de férias. E bem que preciso delas. Mas estas são umas férias bastante atípicas. Não estou a planear uma viagem, nem sequer umas idas à praia. Estou tão esgotada que só me apetecia fazer uma terapia do sono. Dormir, dormir... assim não teria contacto com a realidade.
Sinto-me estranha, sem grande utilidade, não me parece que esteja a ser de grande ajuda para o meu pai.
Talvez descansando o possa ajudar mais.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Amigos

E, de repente, quando tudo parece cinzento e triste, os amigos aparecem, em todo o seu esplendor e ajudam a apaziguar a nossa dor. Dão-nos alegrias, amaciam-nos a alma.
Obrigada

Dúvida existencial

É impressão minha ou a maioria dos cirurgiões deste país não passa de um bando de anormais?
Ontem, um médico teve a coragem de dizer ao meu pai que eles (médicos) não estavam ali (hospital oncológico) para falar com os doentes.
I beg your pardon????????????????????

terça-feira, agosto 22, 2006

Obrigada L

Ontem o dia não foi particularmente bom. De corrida em corrida consegui ir ao escritório, passar por casa à hora do almoço para ir buscar o almoço do meu pai, passar no hospital, vê-lo comer, conversar um bocadinho com ele, levar-lhe o jornal, fazer-lhe um desenho, voltar para casa, almoçar, dar um pouco de atenção à minha mãe e ao meu filho, dar-lhe banho e, já no fim do dia, consegui sair para jantar com uma amiga.
E que bem que fiz.
Não que tenha deixado de estar triste, nada disso. Mas o meu estar triste é um sentimento prolongado no tempo e na minha existência; prende-se com a saúde do meu pai, prende-se com a sua tristeza. Mesmo quando sorrio, mesmo quando consigo fazer outras coisas que não pensar no seu olhar, ESTOU triste.
Mas ontem foi especial; um jantar bom, livre, solto, sem preocupações, sem máscaras. Nenhuma de nós precisou esconder-se da outra; nem foi preciso dizer porque estava triste ou porque estávamos ali. A minha amiga L é linda, no sentido mais pleno que a palavra possa ter: quando fiquei grávida costumava dizer que queria ser o tipo de mãe que ela é. E, apesar de saber que ela não se sente copnfortável nesse papel, espero que ela saiba que o que dizia era verdade, como o ainda é hoje. Ela não é obcecada com os certos e os errados da vida; vai fazendo, vai errando, vai aprendendo, vai crescendo...
Ontem foi muito compensador. Consegui sorrir com vontade.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Fuga

Olho pela minha janela e não vejo o sol. Não consigo sentir-me contagiada pela onde de calor que dizem ter voltado à cidade. É novamente Verão, contaram-me, mas no meu coração está um frio gélido. Está tudo sombrio. Gosto do calor, gosto de estar contente... mas não consigo. Estou cansada de tantas lutas, de tanto tentar receber a vida com um sorriso nos lábios.
Apetece-me fugir para uma ilha deserta, sozinha, sem ruídos, sem problemas, sem dores.

sexta-feira, agosto 18, 2006

O meu pai



O meu pai sempre teve um ar grave e sério. Não é uma pessoa de muitos risos. Principalmente, não é uma pessoa de rir sem motivo. Mas quando o meu pai ri tudo se ilumina. Porque, quando o faz é muito genuíno.

Passei grande parte da minha infância apaixonada pelo meu pai. Acho que é o que acontece com a grande maioria das meninas. O meu pai era o centro do meu pequeno universo, onde também havia lugar para as bonecas e, já nuns degraus abaixo, para a minha mãe. Era mesmo assim. ele chegava a casa e eu ia esperá-lo; quando estava cansado fazia-lhe uma massagem; arranjava-lhe os pés quando estes estavamo doridos das botas... havia sempre um esmero extra no seu lugar da mesa.

Depois, o tempo passou; eu cresci, tornei-me uma adolescente e aí passei grande parte da minha adolescência zangada com o meu pai. Eu não conseguia perceber o seu autoritarismo;"não podes isto, não podes aquilo"... deixava-me triste que ele não confiasse em mim, não me desse o benefício da dúvida. Hoje acho que ele também estava confuso. De repente a sua menina tinha crescido, queria ser adulta, queria ter liberdades e privilégios que só os adultos têm... e isso não é coisa fácil para um pai aceitar.

Quando saí de casa destrocei o seu coração. Ele sonhava com um grande casamento. Igreja, música, véu, vestido branco, festança que deixasse toda a vizinhança roída de inveja. Mas eu, pouco dada a satisfazer desejos alheios, troquei-lhe as voltas. Saí quase sem aviso, no dia em que chegou o roupeiro... ele ficou destroçado

Mais tarde veio o hábito. Ele habituou-se aquilo a que chama "um novo filho" e a ter uma filha que não era casada. Estranhamente, voltámos a estar mais perto um do outro. Eu voltei a ver nele aquela figura pela qual era apaixonada em menina e ele pôde volltar a amparar-me. Sem o autoritarismo da adolescência, porque eu era já uma pessoa distinta, fora do seu domínio, mas com o amor de sempre.

Quando fiquei doente vi nos seus olhos a revolta. O sorriso sumiu-se de novo. Percebi que ele não entendia porque razão eu estava a sofrer daquela forma, porque motivo não podia ser ele a estar no meu lugar. Mimou-me, nunca me deixou só. Esteve sempre presente.

Depois ficou ele doente e eu não quis acreditar. Para mim era inconcebível tanta dor, tanto sofrimento em tão pouco tempo. Queria fazê-lo sorrir, mostrar-lhe que podemos superar os maiores obstáculos quando queremos... No início pareceu-me que ele ia conseguir. Estava forte, determinado. Mas fui-me apercebendo que ele não tinha mais forças nem sorrisos. Tinha-os gasto todos comigo, a tentar animar-me, a tentar animar-se da minha dor.

Do meu casamento guardo muitas memórias fantásticas. Mas a memória que guardo do meu pai é a desta foto. Triste, pensativo. De olhos baços. Sem sorriso.

E agora, em mais um momento difícl, não consigo olhá-lo nos olhos e dizer que vai correr tudo bem. São poucos os medos que lhe conheço mas sei, desde o início da sua doença, o que o mais atormenta: a ideia da mutilação.

Queria tanto voltar a vê-lo sorrir!

quinta-feira, agosto 17, 2006

Porquê?

E ele há dias em que estamos mesmo de costas voltadas para o mundo!
Se há coisa que me deixa furiosa é a sensação de frustração causada pela injustiça. Ver a mediocridade premiada, por exemplo. Ver a tristeza dos outros causada por acontecimentos inexplicáveis de tão absurdos que são...
Agosto não está a ser um bom mês, é verdade. Os astros não me acompanham. Mas, no final das contas, o que são pequenas frustrações, pequenas insatisfações, comparadas com um bem maior que é a vida. Ou, posto de outra forma, comparadas com um mal irreparável que é a morte?
Chiça, que isto não está fácil.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Insatisfação crónica

Ando neura. Por tudo. Por nada.
A maior parte das vezes penso que tenho motivos para esta neura. O ser humano consegue ser realmente merdoso e eu, tenho tido a minha quota parte de experiências com merdosos.
Mas há momentos em que penso que o problema é meu e não dos merdosos. Afinal o que quero eu fazer? Onde quero trabalhar? De que forma posso sentir-me mais realizada? Será que não sou uma insatisfeita por natureza? Será que este nó vai mesmo passar?

Saudadinhas


Se ele está em casa queixo-me da rotina, da ida a casa da avó, do banho, da comidinha, da impossibilidade de sair de casa para apanhar ar. Se ele está fora é esta sensação de vazio horrível que me invade, de tal modo que até tenho saudades das birras monumentais como esta, devidamente documentada.
Volta filhote!

segunda-feira, agosto 07, 2006

A morte sem nome

"Me preparo para a morte como se preparam para a vida. Todos os dias. a dor nunca é insuportável quando você sabe que acaba.
Assim fui uma mulher maior. Maior do que a vida. Cicatrizes e experiências. Quebrando e reconstruindo. Rasgando e recosturando."
Santiago Nazarian in A Morte Sem Nome

quinta-feira, agosto 03, 2006

Citação

"No livro que eu tinha na mão, o único sobrevivente da minha biblioteca, Schianberg escreveu: o detalhe é a alma de toda a fantasia. Qualquer detalhe, por mais inusitado ou pervertido que seja. Daí os fetiches. A particularidade do desejo. E um detalhe pode tornar-se muitas vezes mais excitante que a própria fantasia."
Marçal Aquino Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios