Nunca pensei ter apenas um filho. Quando o Henrique nasceu sempre pensei que seria o primeiro de, pelo menos, dois. Mas, aos seus oito meses, quando fiquei doente, soube que muito dificilmente poderia voltar a ter filhos e que o risco de engravidar poderia ser voltar a ficar doente. É uma das piores marcas que o cancro me deixou. Amo o meu filho, estou muito grata por o ter tido antes de adoecer, mas adoraria poder voltar a experimentar a maternidade. E saber que não voltarei a ser deixa-me, às vezes, triste e angustiada.
Esta semana soube que uma das minhas grandes amigas está grávida pela segunda vez. Depois de tantas dificuldades, depois de tantos obstáculos, ela lá conseguiu. E fiquei tão feliz. A juntar a esta acompanho de perto pelo menos mais três gravidezes e desconfio de uma outra. E fico feliz, começo a bordar fraldas e a remexer na muita roupa de recém-nascido que comprei para o Henrique e a pensar em quem a irá vestir.
Sinto uma ponta de inveja. Claro que sinto. É uma situação que adoraria reviver e que sei que não o farei. Mas sinto-a como uma inveja boa, porque não desperta em mim outro sentimento que não o da alegria. Já que não posso ser mãe, serei pelo menos tia!
5 comentários:
E que tal canalizar esse desejo e carinho todo para uma criança adoptada?
bem, uma criança adpotada corre o mesmo risco que u filho biológico de ficar sem mãe. Eu não estou preparada para correr esse risco, o de tirar uma criança de um ambiente hostil para a colocar numa incógnita.
Quem sabe um dia
Sabes há tias do coração que são para muitos meninos a sua estrela guia. Por isso não fiques triste, usa esse amor que te transborda em todos os meninos que puderes, sobrinhos verdadeiros, sobrinhos "emprestados", menisnos em quem tropeces. tal como todos as coisas o amor nunca se perde, transforma-se.
Não sei exactamente os contornos do seu caso, mas sei que a minha irmã com 30 anos tirou, por via de um cancro, o estomâgo e uma parte do pancrêas. Fez quiomioterapia, tendo 50% de chances de sobreviver. Deixou passar 3 anos e foi ao IPO para saber se podia engravidar e disseram-lhe que sim. O meu sobrinho já nasceu, prematuro é certo e filho de gravidez de risco, mas está vivo e temos esperança que vá crescer sem grandes mazelas. Tente ver se não pode mesmo engravidar...e quanto a podermos partir e deixar os nossos filhos por cá...é um receio que todas temos, pois a morte pode espreitar a qualquer momento, mesmo quando não estamos doentes.
Abraço
~CC~
CCF, nem imagina como fiquei feliz e iluminada com o seu comentário. O meu cancro também foi no estômago. E não é como se a sua mensagem me desse mais seguranças em relação ao que sinto, mas fiquei feliz por saber que há uma pessoa que teve um bebé depois de uma situação tão complicada e tão similar à minha. Um beijo muito grande para si e para a sua irmã, que é uma guerreira.
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