Ontem retomei um hábito há muito perdido, o de escrever cartas. Em papel, à antiga.
Quando em 1997 fui viver um semestre para Salamanca escrevia cartas todos os dias. Aos meus pais, aos meus amigos, a um ou outro familiar mais próximo... algumas delas ainda estão guardadas numa caixa algures em casa dos meus pais. Eu adorava escrever. Ajudava-me a ameninzar a saudade, o isolamento.
Com a net, o messenger, o mail e o malfadado telemóvel, fui perdendo o velho hábito de pegar na caneta. Quando fiquei doente comprei um caderno cor-de-rosa que me acompanhou no hospital e onde escrevia alguns dos meus pesamentos mais tenebrosos, algumas das minhas dúvidas e angústias... mas o espírito era diferente do das cartas. Eu não escrevia para outro que não para mim própria, apenas com a finalidade de libertar algo preso em mim.
Ontem, enquanto conversava contigo, lembrei-me desse velho hábito perdido e de como ee poderia ser uma forma de te aproximar ao mundo. Agora que nunca mais falarás a escrita poderá ser o nosso elo secreto.
Todos os dias te vou escrever uma pequena (ou grande) carta a contar-te as miudezas do meu da-a-dia. A fila de trânsito, as traquinices do Henrique, as pessoas que telefonaram a saber de ti...
O primeiro passo é meu, escrever-te.
Depois, espero que te sintas bem para me começares a escrever a mim.
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